sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Caminhamos para uma maior imersão na rede

 
 

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via Certamente! de Paulo Querido em 17/10/09

social-networking-sites

Entrevista a Pedro Lopes, para a revista Unibanco.

Pedro Lopes: Twitter, Facebook, Hi5, MySpace apresentam-se como os sites preferidos de quem pretende fazer parte deste universo das redes sociais. Existem públicos específicos para cada um deles ou falamos de utilizadores comuns? Algum destes sites leva vantagem sobre os outros?
Paulo Querido: Há um grande número de utilizadores comuns a vários sites de social networking. Além dos citados, e dentro dos pesos pesados, temos ainda o LinkedIn. Contudo, cada um atrai um público — ou, melhor dito, um tipo de utilização. O Twitter tem as componentes do debate em tempo real, para os grandes acontecimentos, e da partilha instantânea e viral de informação. O Facebook está a sobressair na área do lazer e de manter o contacto. O Hi5 continua a servir a finalidade do relacionamento pessoal, sobretudo nos públicos juvenis, e o MySpace vacila entre um site de publicação, tipo blog, e o networking social em que o Facebook o tem ultrapassado.
Actualmente, o Facebook está a tomar uma dianteira em termos de impacto e de crescimento. O Twitter, que será sempre mais pequeno e restrito, têm uma atenção mediática tremenda. Os outros estão a perder importância.

PL: Em sua opinião, que factores potenciaram este verdadeiro boom das redes sociais e que peso podemos atribuir-lhes na formação de opinião pública?
PQ: Os factores são múltiplos e merecem aprofundamento. Contudo, eu destacaria estes: a facilidade de utilização, aliada ao charme da tecnologia, ao custo irrelevante, ao cansaço dos formatos de entretenimento tradicionais, e à crise financeira, que ajudou as pessoas a trocarem a rua pelo lar.
Quanto ao seu peso na formação de opinião, julgo que está a meio caminho entre o peso do peering e o peso dos líderes de opinião. Nas redes, físicas ou electrónicas, os nossos contactos de primeiro nível — família, amigos, colegas, professores — são mais importantes para as decisões e a formação de opinião que as vozes escutadas nos media. Contudo, nas redes electrónicas o papel de emissor de opinião é mais comum, em geral incluimos vários na nossa rede de primeiro nível. Há uma mistura rica. Que está a diminuir a importância de uma parte dos líderes de opinião convencionais. Este fenómeno, contudo, está ainda a despontar, mal temos a percepção dele, quanto mais conclusões…

PL: Quais os países onde esta nova cultura está mais enraizada?
PQ: Não é fácil estabelecer divisões. A cultura reticular está a disseminar-se rapidamente de forma global. Onde haja conectividade, ela desponta, sem grandes diferenças (além do uso da língua local) para os outros países e regiões. A resposta está, portanto, nas tabelas das taxas de conectividade à Internet e à telefonia móvel.

PL: E, comparando com esses países, onde aparecem Portugal e os portugueses no ranking de utilizadores das redes sociais? Qual o site onde existem mais utilizadores nacionais?
PQ: Portugal está no grupo dos mais conectados e os portugueses são rápidos a assimilar as tendências. O país surge em regra na tabela dos 20 mais. Nalguns serviços, como o Hi5 e o Twitter, está entre os 10 primeiros. O Hi5 continua a ser o serviço com maior número de contas abertas por portugueses. Se e como elas são usadas, é outra história.

PL: Como se explica que, depois da chuva de críticas que se abateu sobre o universo Big Brother e a falta de privacidade a ele associada, assistamos agora a uma espécie de vontade incontrolável de revelar ao mundo aquilo que é nosso, com o Youtube à cabeça das ferramentas para fazê-lo?
PQ: A chuva de críticas veio de uma elite que, à altura, detinha a única voz audível no panorama mediático. Não tenho a certeza, digamos assim, que a maioria dos prodo-consumidores de media, ontem como hoje, assinasse essas críticas. A verdade da massas está mais perto do que Andy Warhol definiu. A imensa maioria procura os seus 5 minutos de fama. E tem a noção de que, num mundo extraordinariamente competitivo, aparecer constitui uma vantagem. Hoje, essa vantagem já não é exclusiva das elites críticas.

PL: Que riscos, nomeadamente para utilizadores mais novos, pode trazer esta constante troca de informação?
PQ: O risco da exposição a perigos que a sociedade ainda não balizou convenientemente. Alguns desses perigos ainda não foram, sequer, inventariados. Outros estão largamente sobredimensionados. E há riscos de saúde subdimensionados.

PL: Olhando para um futuro a médio prazo, como imagina a evolução da utilização das redes sociais?
PQ: A médio prazo, caminhamos para uma maior imersão na rede. Os serviços, hoje muito marcados, verão as suas marcas diluídas. Os dados individuais passarão a constituir um fluxo, um rio (pessoal) alimentado a partir de diversos afluentes (cada conta do indivíduo em cada serviço) e que é intermutável com os outros fluxos. As ferramentas de edição serão substituídas, na importância, por ferramentas de pesquisa, etiquetagem e validação. Quando olhamos hoje para a tecnologia, o que vemos nascer são os alicerces desse edifício colectivo.


 
 

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