sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O novo mercado de social media

 
 

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Apesar de ser considerada moda passageira por alguns, a aposta em social media vem crescendo no Brasil. Prova mais recente disto é a adoção de editorias de social media por duas corporações jornalísticas tradicionais: Estadão e Zero Hora.

As contratações aconteceram em novembro deste ano, na esteira de New York Times e Guardian, que criaram cargos semelhantes no início de 2009.

Tal movimento vem solidificando as carreiras ligadas à mídia social no país, ainda que sejam escassas as formações na área.

O caminho das pedras

Para Rodrigo Martins, editor de Mídias Sociais do Estadão, o primordial para quem pretende trabalhar com esta área é navegar muito, usar todas as ferramentas, acompanhar quem lança tendências na rede e, principalmente, participar da conversa na internet.

"Escrevendo, respondendo e retransmitindo. Também é importante, estar sempre pronto para o novo", afirma o editor que, antes do novo cargo, foi repórter do Link, suplemento de cultura digital, por cinco anos.

Assim como Martins, a responsável pela área de mídias sociais na Zero Hora, Barbara Nickel, não cursou nenhuma especialização no assunto, aprendeu fazendo.

"Passei o último ano lendo, pesquisando, observando novidades que dão certo ou não em outros veículos, fazendo algumas experiências com o Twitter da Zero. Também assisti a alguns webinars. Minha formação vem mais desta curiosidade e da experiência de editora de canais como Leitor-Repórter, em que os leitores são os protagonistas", diz Barbara.

Quem pode trabalhar nessa área?

Uma breve pesquisa em sites de recrutamento aponta que as vagas disponíveis para social media exigem profissionais formados em Jornalismo, Publicidade e Propaganda ou Marketing. Naturalmente, familiaridade com ferramentas online e boa escrita são fundamentais.

"Teorizar sobre as mudanças na comunicação por conta das redes sociais é muito legal, traz muitos insights. Mas estar nas redes sociais é mais importante ainda", afirma Martins que, por cobrir o assunto há cinco anos, conta com cadastro nas principais redes como Facebook, Orkut, MySpace, Hi5, Twitter, Linkedin, Tumblr, LiveSpaces, Ning, Habbo, Sonico, Friendster, entre outras.

Não basta, no entanto, passar o dia no Orkut ou no Twitter. "Eu não contrataria alguém que tem uma presença forte em todas as redes, mas só está ali para fazer fofoca ou postar auto-retratos feitos com o celular, por exemplo", declara Barbara.

Rotina de trabalho
No Estadão, Martins tem como desafios coordenar a presença do jornal em redes como Orkut e Facebook, Twitter, além de gerenciar os blogs da empresa.

Além disso, atua junto aos jornalistas do Estadão e do Jornal da Tarde para pensar novas formas de utilizar as ferramentas sociais. "A ideia é que eu seja um provocador, uma pessoa que explique, que ajude a encontrar caminhos, que torne as ferramentas naturais no dia-a-dia do trabalho jornalístico", comenta.

Nos dois meses de atuação, Martins criou cerca de dez blogs e pelo menos cinco contas no Twitter, cujo conteúdo é alimentado pelos jornalistas de redação. "Muito do meu trabalho é sentar ao lado deles, apresentar e discutir propostas, dar dicas de como levarmos o que temos de melhor, a informação, para uma cultura mais aberta e interativa, que é a internet", afirma.

Na Zero Hora, a rotina não é diferente.

"Hoje eu ainda estou me dividindo entre atividades de editora de mídias sociais e as tarefas da produção diária de zerohora.com. O projeto é que eu 'migre' completamente até o início do próximo ano", comenta a editora. Até lá, Barbara segue coordenando a conta no Twitter (@zerohora), buscando pautas nestas novas redes e ajudando os colegas a entender melhor a função da mídia social.

Um de seus principais cases esteve ligado ao temporal que causou estragos no Rio Grande do Sul, no início de dezembro.

"Amplificamos o alcance de informações que eram postadas no Twitter, pedindo que as pessoas usassem as hashtags #temporalrs e #temporalpoa e trouxemos estes posts para dentro da nossa cobertura ao vivo feita com o serviço CoverItLive", conta Barbara.

Ferramentas
Em termos de aparato tecnológico, ambos editores elegeram o aplicativo de terceiro Hootsuite para o monitoramento de contas no Twitter. Isto porque a ferramenta permite que vários repórteres atualizem uma mesma conta, além de agendar tweets, utilizar abas de pesquisa, integrar contas do Facebook e do Linkedin, entre outros.

Ainda que a solução permita automatizar o envio de tweets, esta é uma prática que o Estadão procura evitar. "Assim como no jornal impresso e no site, a edição manual no Twitter também é importante. Não são todas as notícias que publicamos no Estadão que devem estar no Twitter. Apenas as mais legais. Do contrário, bastaria assinar nosso RSS", resume Martins.

Só mais um modismo?
Ao contrário do Second Life, a mídia social tem sido encarada cada vez menos como um modismo. De acordo com o livro Socialnomics, de Erik Qualman, a geração Y deve ultrapassar a população de baby boomers, já em 2010. Caracterizada pela fácil transição por diversas redes, 96% desta nova geração está cadastrada em pelo menos uma plataforma social.

Não surpreeende, portanto, que a mídia social tenha ultrapassado a pornografia como atividade número um na internet e o Facebook tenha obtido 100 milhões de usuários em nove meses. Outras mídias, como rádio e televisão, levaram 38 e 13 anos para alcançar metade desta audiência, respectivamente, ainda segundo Qualman.  

"O Second Life era uma ferramenta fechada. A ideia era muito grandiosa: fazer as pessoas criarem uma segunda vida na internet. Já a mídia social é mais um conceito do que apenas uma ferramenta", argumenta Martins.

Segundo o editor, o que as mídias sociais fazem é amplificar as possibilidades de conversa na internet. Um conceito que já existia desde o começo da web, mas que agora está mais fácil, rápido e organizado. "Se antes era preciso mandar uma carta para o jornal para tirar dúvidas ou fazer reclamações sobre uma reportagem, agora basta contatar nosso Twitter ou o do repórter que fez a matéria. A gente responde", completa Martins.

Comunicação de cara nova
Barbara traduz o novo espírito de empresas tradicionais de comunicação que cada vez mais trocam o conceito emissor-receptor por emissor-colaborador.

"É um reconhecimento sincero do fato de que todas as pessoas que estão por aí usando essas plataformas para compartilhar suas histórias e opiniões compõem um mosaico - caótico, é verdade - de informações que nenhum veículo de comunicação seria capaz de construir sozinho", declara.

Na visão de Martins, se no impresso o jornalista publica a informação e na maioria das vezes não tem muito feedback do que produz, na internet, a publicação do texto, do áudio ou do vídeo é apenas o começo. "É preciso e desejável que se esteja pronto para responder aos comentários dos internautas, aproveitar as dicas que eles dão", completa.

Graduação

O conceito de mídia social ainda não aparece em grades curriculares das principais universidades do país, com exceção da Unisinos, no curso de Comunicação Digital - onde redes sociais e comunidades virtuais são discutidas juntamente com o comportamento do consumidor.

No mais, são oferecidos cursos de extensão, majoritariamente em São Paulo, em escolas como Jump Education e Fundação Getúlio Vargas. No Rio Grande do Sul, a porto-alegrense Perestroika também aborda o assunto nas formações LogIn e Mthfckr.

Na Inglaterra, o assunto será tema de mestrado pela Universidade de Birmingham City e deve se concentrar nas particularidades de comunicação das redes sociais, como Facebook e Bebo, além de explorar as capacidades do Twitter e incentivar a criação de blogs e podcasts.

 
 

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