terça-feira, 15 de janeiro de 2008

CELULAR INCORPORA NOVA ONDA DE SERVIÇOS



  • A tecnologia foi tema palpitante na indústria de meios eletrônicos de pagamento em todo ano de 2007.
    Destaques no setor: o celular como novo instrumento para serviços financeiros; a evolução e tendências dos cartões; e o investimento nas tecnologias de identificação e segurança.
    Leonardo Caetano (M-Payment Oi): precisamos formatar a solução brasileira de pagamento móvel.
    Gastão Mattos (M-Cash): outras aplicações convergentes estão por vir.




    Por Cecília Della Flor

    A tecnologia foi tema palpitante na indústria de meios eletrônicos de pagamento em todo ano de 2007. Dentro deste contexto, três grandes assuntos foram destaque no setor: o celular como novo instrumento para serviços financeiros; a evolução e tendências dos cartões; e o investimento nas tecnologias de identificação e segurança. Até 2008, as operações financeiras em tempo real - dirigidas por canais eletrônicos com mobilidade e segurança - representarão 80% do número total de transações realizadas na América Latina. A conclusão é do Gartner, no estudo sobre as tendências do mercado de TI para a região.

    Tido como a mais nova onda do setor financeiro, o celular se tornou um veículo importante de relacionamento com o cliente. Numa primeira fase, o uso do aparelho foi direcionado para operações bancárias, o chamado mobile banking. Os bancos ofereceram a possibilidade de acesso a saldos, extratos e, em alguns casos, transferências entre contas. Num segundo momento, o atual, o celular se transformou em instrumento de pagamento.

    Segundo Leonardo Caetano, executivo de negócios M-Payment Oi, em 2008 haverá a estabilização do mobile payment no mercado brasileiro, sendo caracterizado pela grande adesão tanto de usuários como de pontos de aceitação. “A questão central para que isso ocorra é que os demais ‘players’ de mobilidade se posicionem e ajudem a formatar a solução brasileira de pagamento móvel. Acredito que tenhamos que trabalhar por uma consolidação dos diversos modelos de negócios e serviços, no aspecto de cooperação na formação de rede adquirente e que mantenha a competição na conversão da base de clientes”.

    O Grupo Oi decidiu investir no filão. Além de parcerias com bancos, a operadora vem colocando progressivamente no mercado o serviço Oi Paggo. O sistema - que funciona no Rio de Janeiro e na Bahia - cadastra o comércio para processar compras, com uma diferença: a operação se realiza entre dois celulares, não se utiliza a máquina POS. Além de lojas, a operadora levou a tecnologia para pouco mais de 600 taxistas cariocas.

    Outro projeto de destaque neste campo é o M-Cash, formatado em conjunto com o HSBC. Lançado em 2006 como teste para 4 milhões de correntistas do banco, o serviço permite o uso do telefone em compras efetuadas nas lojas online. Em 2007, as empresas parceiras decidiram ampliar o escopo e começaram a credenciar mais estabelecimentos e outros bancos. Além disso, um acordo firmado com a Check Express Group estendeu a funcionalidade do pagamento para as lojas físicas.

    Para Gastão Mattos, presidente da M-Cash, este é um mercado incipiente, mas com grande potencial. “A curva de aprendizado do mercado sobre as tecnologias e possibilidades de negócio envolvendo autenticação por celular está evoluindo com o amadurecimento dos agentes envolvidos, emissores e lojas, mas ainda pode ser considerada uma tecnologia emergente”, conta.

    Na visão do executivo, outros formatos de aplicações estão por vir em segmentos como vouchers e fidelização de clientes. A exemplo disso, a M-Cash fechou parceria com a Sodexho e lançou o pagamento de corrida de táxi via celular. Outro produto inovador é o MGift, uma plataforma que permite a oferta de vales-presente da Sack’s, varejista on-line de perfumes, pelo telefone. No mercado de benefícios, a Visa Vale lançou um sistema que permite ao portador dos cartões refeição e alimentação localizar os estabelecimentos credenciados e traçar roteiros pelo celular ou computador.

    “Quanto mais forças convergentes tivermos, mais rápida será a velocidade para consolidação da plataforma e do negócio. Lembro que o cartão de débito para pagamento demorou mais de 10 anos para chegar ao estágio atual, porque precisou do desenvolvimento de cultura, até então inexistente entre os brasileiros. O m-payment não demorará tanto para se consolidar, mas certamente o processo e dificuldades de amadurecimento serão os mesmos”, comenta.

    A Visa também se empenhou em formatar serviços pelo canal móvel. Junto à Nokia e IBM, a bandeira de cartões de crédito lançou uma plataforma de pagamento. A idéia é implantar pilotos em todo o mundo. Atualmente, já possui serviços com outras tecnologias nos cinemas da rede Cinemark. Os cinéfilos podem receber os ingressos pelo celular, após a efetivação da compra pela internet. O serviço envolve os usuários da Claro. A concorrente MasterCard não está atrás, realizou um piloto junto com a GSM Association, que permite remessa de dinheiro por celular.

    Por falar em Claro, a operadora iniciou testes de pagamento de corridas de táxi via mensagens SMS. Em conjunto com a Visanet (responsável pelo credenciamento e relacionamento com os estabelecimentos) e o Bradesco, a tecnologia foi implantada inicialmente em São Paulo. A Redecard, por sua vez, lançou um serviço que permite o pagamento de compras pelo celular de qualquer operadora e modelo, o Foneshop.

    Há também o interesse de estrangeiros neste negócio no Brasil. A MobileCard, empresa americana de captura e processamento de transações financeiras pelo celular, iniciou suas operações no País com planos de investir R$ 40 milhões até o final do ano. Segundo estimativas da MG Systems, empresa que presta consultoria à Febraban, das 50 bilhões de transações bancárias previstas para 2010, cerca de 100 milhões serão efetivadas por meio de celulares.

    Mais funcionalidades despontam no mercado. Batizada de MobiCash, a solução apresentada pela Itautec, em parceria com a Motorola, permite o saque em terminais ATM por meio do telefone móvel, mesmo por pessoas que não possuam conta bancária. O grande apelo do sistema é levar serviços bancários para as camadas mais simples da população. Por enquanto, está disponível apenas nos aparelhos da Motorola.

    De acordo com Mauricio Ghetler, sócio-diretor da Consultoria MG Systems, a expectativa é que os bancos entrem firme neste mercado, chegando a padrões comuns. “Este movimento deve trazer a interoperabilidade de pagamentos móveis entre bancos, permitindo que haja conversa entre os outros canais bancários. Deste modo, a tecnologia realmente disseminará. Outras soluções para pagamentos que não sejam interoperáveis estão fadadas ao insucesso”.


    Tendências dos cartões

    Os cartões de pagamento ganharam circuito e bateria. É isso mesmo. No início de 2007, a Visa e o Bradesco começaram os testes do cartão de débito “energizado”. No momento da transação aparecerá uma senha no visor na frente do cartão. A idéia é garantir maior segurança ao banco e ao usuário contra captura de dados, clonagem e outras fraudes. Apesar da tecnologia embutida, o novo cartão terá a mesma espessura de um convencional, de 1,2 milímetro, e a bateria terá vida útil de três anos.

    Na esteira da queda de cheques emitidos, os bancos começaram a oferecer, ainda de maneira tímida, a divisão do pagamento no cartão de débito, numa tentativa de acabar com o pré-datado. Itaú, HSBC e Banco do Brasil permitem esse tipo de parcelamento. A Caixa Econômica Federal vai lançar o produto em 2008.

    No País, a implantação dos cartões com chip ainda está em curso. O Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), por exemplo, planeja migrar toda a sua base de três milhões de clientes para o uso do ‘smart card’ multifuncional. Segundo a entidade Smart Cards Alliance Latin América, os cartões inteligentes representam 89,9% dos cartões latino-americanos e 57,6% do mercado brasileiro. Somente os cartões de bancos têm participação de 12,1% no Brasil e de 6,1% em toda a América Latina.

    Identificação e segurança

    A grande aposta do Bradesco em termos de segurança em transações eletrônicas está na biometria: 60 agências já têm duas dessas máquinas e prevê alcançar 220. A instituição investirá R$ 1,8 bilhão em tecnologia, dos quais aproximadamente 8% em segurança. Atualmente, o banco adaptou algumas máquinas para emitir extratos em braile para os correntistas portadores de deficiências visuais.

    Já a MasterCard apresentou ao mercado brasileiro uma nova aplicação para garantir segurança no internet banking e compras online: o CAP – Chip Autentication Program. No momento da transação virtual, por meio de um sistema de decodificação digital, o usuário insere seu cartão com chip em uma plataforma individual de segurança, que gera uma senha eletrônica única. Este código é fornecido ao intermediador da transação e, em seguida, acontece a liberação e autorização final.

    * Matéria produzida para a revista Cardmedia (Edição nº 13)


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